“O Marcelo tinha um grande desafio diante desse trabalho. A responsabilidade já seria imensa apenas por transformar, em um documento definitivo, tudo o que a equipe da Comissão da Verdade do Rio fez em dois anos e oito meses. Mais do que isso, o Relatório Final trazia todo o peso daqueles familiares que perderam seus parentes e que atuaram de forma muito próxima com a equipe da CEV-Rio. Trazia o peso também de ter ali as recomendações ao Estado brasileiro de não repetição, de mostrar que nós, enquanto sociedade, não admitimos mais as mesmas práticas da ditadura. O relatório trazia os nomes daqueles que torturaram, mataram, desaparecem com aqueles que lutavam por uma sociedade mais justa. E esses nomes também estavam lá. O Marcelo, portanto, tinha que pegar todo esse material, que se traduzia muito mais que texto e foto, e fazer com que a leitura fosse de fácil compreensão, acessível e que qualquer pessoa pudesse ver, naquelas mais de 300 páginas, o resultado de uma Comissão Estadual da Verdade, que se debruçou em pesquisar como a repressão atuou no Estado do Rio de Janeiro. Ele conseguiu. Tenho certeza que esse é um dos trabalhos que o Marcelo mais pode se orgulhar em ter feito parte. Poucos foram os profissionais que tiveram a oportunidade de trabalhar e aprender em uma Comissão da Verdade, uma iniciativa que marca a história desse país e da sociedade brasileira e nos coloca em outro patamar. O de falar: para que nunca mais se repita. Para que nunca mais aconteça.”